Por uma questão de instinto de
sobrevivência tentamos evitar as tempestades. É natural não querer se machucar
e correr o risco de ser carregado pelo vento forte ou ser inundado pelas águas
obscuras das incertezas. Em questão de segundos tudo pode desmoronar.
Embora estejamos sempre procurando por um lugar seguro, um abrigo para nos
proteger, um momento para respirar, refletir e se refazer das
turbulências do dia a dia. Uma coisa é certa, não dá para impedir o fluir
da natureza. Por mais a gente construa trincheiras, muros ou cidades
inteiras, sempre vão existir períodos de instabilidade. A vida é cheia de
contrários. Ela é diversa, tudo se move e tudo foi feito para evoluir e
expandir. É como uma grande onda avassaladora que deseja trazer a tona tudo que
está escondido nas profundezas do nosso inconsciente para ser transmutado, para
ser curado. Quando estamos situados nos redemoinhos das tribulações, a crise
rapidamente se instala nos exigindo uma tomada de decisão. É uma questão de
vida ou morte que nos impulsiona a agir em nosso benefício, ou a despencar no
precipício em completa desistência e desânimo. A grande maioria das vezes ou
somos imprudentes ou deixamos o medo nos paralisar. Ficamos desesperados e não
conseguimos enxergar uma solução. A dor muitas vezes chega de forma
implacável que percebemos como é tênue a linha do equilíbrio. Talvez esse seja o exercício que o
universo nos convida. Alcançar o ponto zero: o estado de prece. Não é uma tarefa fácil, mais devemos ter a certeza
de que é possível.
Aceitar que não podemos controlar
nada é o primeiro passo encontrarmos um porto mental e emocional que será o
nosso refúgio nos momentos de mudança. Quando retomamos nossa autoconfiança,
reconquistamos o nosso leme: o autocontrole. O prumo capaz de nos guiar na
direção do o nosso ser. A nossa fortaleza. Aquele lugar sagrado que devemos
cuidar com todo afinco e com todo o nosso amor. E nesse processo de autocuidado,
não tem jeito, precisamos arrumar a casa, retirar todas as impurezas e
tudo aquilo que está impedindo o nosso desenvolvimento. Normalmente,
estamos tão ocupados com o mundo exterior e acabamos nos esquecendo do
que é fundamental e do que realmente tem valor. Somos seres especiais dotados
de uma capacidade infinita de renascimento, de superação. Estamos sempre em
busca de uma roupagem melhorada. Está no nosso DNA. Não dá para conter,
ou apagar. Somos um todo de possibilidades. O sofrimento nos separa em partes,
mais o amor sempre agrega. Ele nos mobiliza a reconstrução do divino em nós.
Ele junta os pedaços que fomos deixando pela estrada e os restaura. Ele nos dá
esperança e nos alimenta de confiança. Ele transforma nossas cicatrizes em
traços de sabedoria. Ele é a ponte para iluminação. O nosso coração é a
proteção mais eficaz contra as tempestades que nos assolam durante a
existência. Imersos na sua grandeza nada perece, tudo restaura e engrandece.
Paz e Luz
Mônica Dias