terça-feira, 12 de maio de 2015

O Vento



Despojar-se. Foi a palavra que veio à cabeça quando senti o vento passar por mim ao subir a escada rolante do metrô na saída da Rua Jose Higino na Tijuca. Forte e ao mesmo tempo fresco e suave, em questão de segundos, arrebatou os meus sentidos. Imediatamente me veio uma sensação de entrega e de paz.
Naquele momento, não precisava de mais nada, estava agradecida e feliz. Incrível não? Apenas o vento e eu. Simples. Ele foi me acompanhando pela rua e deixei fluir meu pensamento admirando as árvores e flores do caminho. Fiquei emocionada com tanta beleza. Observei que mesmo vivendo uma vida moderna, numa cidade grande como Rio de Janeiro, cheia de pressa, gás carbônico e problemas.

A natureza está em toda parte, cheia de charme, insistentemente teima em nascer por entre os prédios, as pedras, as ruas, os guetos... Somos abençoados. É uma pintura viva que ainda não despareceu... Olhamos mas não conseguimos enxergar o natural, o singelo, a essência, as pessoas...
O que estamos valorizando? Talvez o externo, o material, o fútil... E quem sabe conseguir um momento feliz não seja tão raro ou complicado?
Não precise de tanto conhecimento ou uma montoeira de bens e conquistas? Ou pode estar tão perto como quando olhamos para o céu e observamos o horizonte?
O vento sussurrou-me aos ouvidos: DE-SA-PE-GO. Pronto, ser feliz é despir-se do que não é necessário e preencher-se do realmente importa. Como distinguir o que não é necessário do que realmente importa? Na verdade, todos nós sabemos qual caminho devemos seguir, mas sempre escolhemos o mais complicado, o mais distante de nossa natureza. Somos acumuladores de coisa nenhuma. Vagamos cheios de rótulos, roupas, conceitos. Temos a tendência de nos privar. Não deixamos espaço para a alegria e a bondade germinar dentro de nós. ES-VA-ZI-AR. Percebo que o vento é um vazio preenchido da energia vibrante em todo o universo... Ele convida à conexão com esse manancial amorosamente disponível na sabedoria generosa da beleza do dia-a-dia. Assim, quase chegando ao meu destino, o vento despede-se assoviando: LI-BER-TA-ÇÃO.

Paz e Luz!

Mônica Dias