Sabe o que eu
mais gosto na feira? De gente. Quem
quiser pode chegar. Da energia espontânea,
da risada simples, das cores, dos perfumes, dos sabores. Não importa a feira,
não importa o lugar, o que gosto mesmo
são das relações humanas descomplicadas.
Ver gente de verdade é muito bom. Totalmente sem frescuras, apenas pelo prazer
de estarem juntas e de curtir coisas gostosas. Ninguém vai a feira procurando o
requinte, apesar dos preços, vamos enlouquecidos para barraca do pastel com
caldo de cana e depois vamos a compras. O negócio é se permitir... É o espaço do
sorriso largo, das piadas, dos trocadilhos, e até das poesias dos feirantes inspiradas
pela cadencia do andar das mulheres, que estão sempre belas, porque estão
alegres... A beleza é simples e natural como a barraca das flores. A feira
também realça e resgata o sabor que a vida tem. Alimenta-nos de boas
memórias... A feira é o passeio da família, dos amigos, dos amores... Toda vez
que vou a feira lembro-me dos meus pais. Costumávamos a ir aos Domingos para comer tapioca e tomar caldo de cana. É deliciosa essa
sensação da companhia, da presença amorosa em um momento tão simples. A saudade
é boa, faz bem. Não sou boba nem nada, confesso que ia a feira também para comprar um
biscoito de cebola com queijo, um daqueles disquinhos bem gordurosos e viciantes
para comer sem culpa. Às vezes também ia
com minha irmã e fazia ela comprar para
mim. Continua sendo meu favorito. Toda
vez que vou a feira tenho que comprar. É maior que eu (risos). Depois que chegamos o tempo vai passando e naturalmente ficamos envolvidos pela
atmosfera de interação, de uma cumplicidade saborosa. Hum... Já repararam que
as frutas parecem que ficam mais vibrantes assim como as crianças. Observar as
pessoas e é sentir calor da vida , é construir
um momento mágico que a correria do dia a dia nos priva. É deixar o sol
penetrar e sair do isolamento da solidão a que nos submetemos por medo do
contato, do envolvimento, do pegar com vontade, do comer mesmo, de ser
original... Ir a feira é deixar os preconceitos e limitações tolas... É expandir, é ser gente fina , matar a fome e degustar com
prazer a doçura do afeto.
Paz e Luz
Mônica Dias