Amar, sem dúvida nenhuma, é coisa mais sublime que nós podemos vivenciar. É uma divina e inesquecível oportunidade. Não exige sequer coragem ou correspondência, pois acontece naturalmente de forma inesperada, silenciosa e sem motivos ou justificativas lógicas. É fonte que nunca seca. É uma qualidade inata de todos os seres. É a sintonia de um eterno recomeçar além e muito além da mágoa e da dor.
Deixar ir quem a gente ama não tarefa fácil, ou uma escolha simples e racional. Somos demasiadamente apegados e resistimos dolorosamente a separação. Abandonar o que sempre foi muito bom ou o que queremos acreditar que ainda era bom é quase que como encarar a própria morte. É navegar na escuridão dos sentimentos de culpa, de rejeição, de impotência. É um período de tempo, que não se sabe ao certo, de uma saudade cruel que repete na mente todos os momentos compartilhados procurando uma resposta para fim.
É como se nós trancássemos na nossa dor congelando os dias em aparente naturalidade, mas vivendo em um inferno interior. Ressecamos. Endurecemos. Pedimos um tempo para o amor e vamos seguindo e empurrando a vida. Esse é um momento de muitas transformações e reflexões, ainda que nossos discursos autosuficientes ou atitudes de fuga aconteçam na superfície, estamos em verdadeira ebulição de emoções intensas. O pesar e a aflição são nossos companheiros na tristeza. Respeitar essa fase é muito importante para todo o processo de cura. Chorar, colocar o caos para fora, é uma necessidade para libertação. A verdade é que possuimos a maravilhosa capacidade de florescer novamente a todo instante, mas cada um de nós tem o seu próprio tempo.
O despertar acontece de repente na incondicional sutileza dos detalhes. A alegria e a esperança acordam os nossos sentidos. Na gentileza de um abraço, no olhar hipnotizado pelo jeito que outro sorri, em um encontro inesperado, em beijo roubado, em apenas sentar lado a lado e escutar o silêncio entre as respirações, em caminhar juntos sem tantas regras ou preocupações , em querer conhecer melhor o recém-chegado (a), em redescobrir o prazer de viver. A delicadeza do amor rompe qualquer barreira, qualquer convenção, dissolve qualquer luto e nos faz querer ser a melhor versão de nós mesmos.
Paz e luz!
Mônica Dias