terça-feira, 27 de setembro de 2016

Nova Infância






Sinto saudades da minha infância, do tempo em que eu era criança e não tinha com que me preocupar. Brincar, sorrir, dançar e cantar ocupava todo o meu tempo.   Descobrir a vida, suas cores, seus sabores era pura diversão.  Podia expressar livremente meus sentimentos e ainda recebia abraços, apertos e muitos beijos. Os limites me educaram, mas não eram encarados com o peso da seriedade ou da culpa. Ficava contrariada, mais seguia em frente na certeza de que eu podia tudo, afinal de contas, eu era uma menina com a alma de princesa. C"EST LA VIE! Eu acreditava que tudo o que eu fazia era muito importante e especial, pois o apesar do mundo ser muito grande,  lá no oceano infinito dos  meus sonhos, eu sabia de que era capaz de conquistá-lo. Eu conversava com minhas bonecas, encantava as dormideiras, andava na meia ponta do pé para ir a aula de balé, queria  ir para escola de táxi todos os dias e com direito a tomar mineirinho. Risos.  Literalmente confiava na abundancia do universo. Tinha fada madrinha e alguns  amigos invisíveis. Enfim o céu não era o meu limite. Queria voar para as estrelas, morar na lua e ser a Mulher Maravilha. Tinha uma autoconfiança e  uma autoestima capaz deixar muito gente  grande para trás. Essas primeiras lembranças  preenchem de riquezas o nosso ser. Mas apesar da infância ter uma doçura nata, logo cedo temos que aprender com as frustrações, conhecer o impacto ensurdecedor de um NÃO,  mais também é impossível  esquecer  a força restauradora de um abraço seja lá de quem for.  Sem falar do cafuné  que é o deleite dos deleites!
               Tenho que confessar, normalmente a nostalgia me invade e decido revirar as gavetas para resgatar certas memórias. Sei lá, acho que é coisa de canceriano, ou quem sabe de uma escritora investigativa em busca de sua criança interior. Olhar uma foto antiga de quando éramos crianças é um convite a introspecção. Depois que passamos do grande momento da admiração da forurice as cobranças invadem a nossa tela mental. Há um estranhamento. Será que não nos reconhecemos mais? Onde será que está aquela beleza radiante? Será que vamos esmaecendo com os anos?! Cadê aquela energia?! Será que as mudanças, os desafios, os problemas foram amarelando  o vibrante colorido da nossa alma?! É como olhar no espelho mágico  e enxergar a versão mais bonita, audaciosa e destemida de nós mesmos. É um reencontro no espaço-tempo do amor para restauração e fortalecimento. É uma preciosa reconexão  com a pureza, com a fidelidade e com a compaixão. É apoio que nos tira da escuridão para a total  entrega ao auto-respeito. É a libertação das mazelas para voar nos verdejantes campos do autoperdão.  É de verdade brincar de viver na doçura do afeto. Talvez a nossa infância não tenha sido a melhor, ou a mais perfeita, mas podemos sempre construir uma nova infância onde a gente não se cansa de ser criança.

Paz e Luz


Mônica Dias